top of page

A centralização do poder na CBF

Desde 1979, quando a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) se tornou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por exigência da FIFA, sete presidentes passaram pelo comando da entidade máxima do futebol brasileiro. Um fato que chama atenção é que, ao longo desses 38 anos de existência, seis dos sete presidentes fazem parte do eixo São Paulo - Minas Gerais - Rio de Janeiro com exatamente dois presidentes de cada estado. Apenas um presidente, e de forma “interina”, não faz parte desse eixo.

Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes, presidente da Federação de Futebol do Estado do Pará, é o único fora do centro a comandar a CBF. Coronel Nunes foi o presidente em exercício. Como era vice-presidente, Nunes assumiu o comando em 8 de julho de 2016 logo após o presidente Marco Polo Del Nero pedir licença para se defender de acusações de corrupção.

Esse foi o único momento em que alguém fora da região Sudeste esteve à frente da confederação. Fazendo uma relação, essa centralização do poder explica o fato dos clubes das regiões Norte, Nordeste não se desenvolverem tanto quanto os clubes do Sudeste. Assim, com mais representatividade e mais visibilidade, os clubes do eixo tendem a se desenvolver significativamente.

Durante muitos anos vem sendo debatido a grande razão dos clubes de fora dessa região não conseguirem chegar ao topo nacional, claro que isso se deve a vários fatores, como administrações pífias. Porém, se buscarmos algo maior, chegamos a principal entidade de futebol do país, responsável por grande parte da organização e estruturação do esporte. O poder dentro da CBF é centralizado, sempre pessoas da mesma região no comando, e essas pessoas sempre possuem o mesmo estilo, o mesmo caráter, o mesmo pensamento e as mesmas atitudes patrimonialistas, nada de inovador e que possa trazer mudança.

José Maria Marin chegando ao julgamento em Nova York (Foto: Martin Fernandez)

A centralização do poder na CBF gera vários outros fatores como centralização da mídia, por exemplo. Grande parte dos recursos dos clubes vem das cotas de TV, mais especificamente da Rede Globo, grande responsável pelas transmissões. Com as divisões das cotas de televisão os clubes maiores, dos principais eixos, concidentemente do sudeste do país, acabam tendo um valor a ser recebido muito maior que os clubes medianos e pequenos. A CBF, por sua vez, se torna refém da TV devido ao grande aporte financeiro que é dado aos clubes, campeonatos e a própria federação. A cada ano que se passa temos mais do mesmo, e continuará assim até que haja uma mudança radical dentro da confederação. Uma mudança de visão e principalmente de poder, que permita o crescimento e desenvolvimento do futebol em todas as regiões e todos os clubes.

Como é a eleição na CBF?

O colégio eleitoral da confederação é constituído pelas 27 federações estaduais, os 20 clubes da Série A e os 20 clubes da Série B. Neste ano, a CBF fez uma mudança no estatuto, dando mais poder as federações na escolha. No estatuto ficou estabelecido que os votos das federações estaduais terão peso 3, os votos dos clubes das Séries A terão peso 2 e os clubes da Série B terão peso 1. Na prática, se as 27 federações estaduais votarem no mesmo candidato, elas terão 81 votos, já se os clubes se unirem e votarem em um só candidato terão 60 votos. Ou seja, levando em consideração os números e divisões em 2017, o estado de São Paulo, contando com a federação, cinco clubes na série A e mais dois na B, teria15 votos. Já o estado de Pernambuco, por exemplo, teria direito apenas a 7 votos.

Fachada da nova sede da CBF (Foto: Alexandre Macieira/Riotur)

Diante de todos esses fatores, fica claro o quanto a Confederação Brasileira de Futebol ainda contribui para o não desenvolvimento do próprio futebol brasileiro, deixando com que os clubes de fora do eixo sudeste tenham menos influencia e acabam sendo menos representados no âmbito nacional, não tendo os mesmos direitos nas escolhas e decisões.


bottom of page